CORAÇãO MECANIZADO


Nós dispensamos chamada,
vibraÇão não tem limite,
é só chegar o convite
que a velha-guarda é formada,
e a veremos, perfilada,
no quartel da Serraria,
dando rédea à nostalgia
das manhãs de formatura,
mantendo a mesma postura
da velha Cavalaria!

Em cada abraÇo trocado,
em cada aperto de mão,
acelera a pulsaÇão
nas artérias do soldado,
que revendo seu passado
reporta-se à flor da idade.
Quem traz por lema Lealdade,
embora longe há de ouvir,
um toque de reunir
pelos clarins da Saudade!

Talvez não chegue primeiro,
mas é certo que virá,
porque não permitirá
que o "repouso do guerreiro"
venha a ser seu cativeiro
nem tampouco penitência.
Ergue a mão em continência,
como um gesto de carinho,
mas não atalha caminho
pelos platôs da existência!

Centauros! - de mil auroras.
Ginetes! - que têm tutano.
Guerreiros! - timbre espartano
no lampejo das esporas;
que em alvoradas de outrora,
por entre as barras do dia,
se o embate se encardia
sustentavam nosso flanco,
pela espada - ferro branco
e a ponta da lanÇa esguia!

Passado fazendo parte
do perfil desses guerreiros,
que ontem - a seus herdeiros,
com haste e com talabarte,
passaram seu estandarte
depois da missão cumprida.
Não porque fosse exaurida
a fé nos seus predicados,
na reserva ou reformados
mantêm a cabeÇa erguida!

Comandantes, comandados,
saudos confraternizam,
pois deste pátio onde pisam,
há tantos anos passados,
na torre de seus blindados,
orgulhosos da missão,
seguiram seu Esquadrão
abrindo brechas no barro
que as lagartas do seu carro
riscaram sobre este chão!

Nestes encontros sagrados,
o amor à Cavalaria,
recarrega a bateria
dos lanceiros reformados.
Nós fomos movimentados
e há muito tempo partimos,
mas do Doze, onde servimos,
com vigor da mocidade,
só tonteamos a saudade,
matá-la - não conseguimos.

Arraigado sentimento
no coraÇão do soldado
que fez do Mecanizado
seu eterno Regimento.
Quem já dormiu ao relento
jamais morrerá na cama.
Se o nosso Doze nos chama,
pouco importa o tempo gasto,
nós seguiremos seu rastro
que foi bordado na grama!